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O Seguro Baseado em Uso no Brasil vem despontando como uma das tendências mais transformadoras do mercado segurador. A ideia central é simples: em vez de pagar um valor fixo anual, o cliente tem o prêmio calculado de acordo com o modo como dirige e a frequência de uso do veículo. Essa lógica traz personalização, justiça e incentivos para hábitos de direção mais seguros.
No cenário brasileiro, ainda em fase de adoção gradual, o conceito já desperta interesse de seguradoras, insurtechs e consumidores que buscam economia e inovação. A proposta conversa diretamente com a era digital, em que dados e tecnologia impulsionam novos modelos de negócio. Diferentemente das apólices tradicionais, que analisam apenas idade, histórico de sinistros ou perfil demográfico, o Seguro Baseado em Uso no Brasil considera a realidade do condutor em tempo real.
A implementação desse modelo depende de recursos tecnológicos, como telemática, inteligência artificial e sensores conectados ao veículo. Esses dispositivos coletam informações como quilometragem, horários de deslocamento, acelerações, frenagens e até estilo de direção em curvas. Com esses dados, as seguradoras conseguem precificar com maior precisão, oferecendo descontos expressivos para motoristas cuidadosos.
Esse formato cria um ambiente de maior transparência entre seguradora e cliente. O motorista tem acesso a relatórios sobre seu comportamento ao volante, o que incentiva práticas seguras e reduz riscos de acidentes. Além disso, o modelo fortalece a fidelização, já que o segurado percebe diretamente os benefícios da sua boa condução.
Tipos de modelos UBI
Existem variações dentro do conceito de uso. O primeiro modelo é conhecido como pay-as-you-drive, no qual o prêmio depende do total de quilômetros rodados. Assim, quem utiliza pouco o carro paga menos. Outro modelo é o pay-how-you-drive, que considera o estilo de condução. Nesse caso, não importa apenas a quilometragem, mas como o motorista dirige. Há ainda modelos híbridos, que combinam ambos os critérios, permitindo uma análise mais detalhada do perfil do condutor.
Essas modalidades oferecem ao cliente mais liberdade para escolher o formato que melhor se adapta à sua rotina. Por exemplo, motoristas que usam o carro apenas em trajetos curtos dentro da cidade podem economizar significativamente com o modelo por quilômetro. Já os que rodam bastante, mas dirigem de forma prudente, podem ser recompensados pelo estilo de direção seguro.
No Brasil, algumas seguradoras já testam programas piloto de UBI em parceria com startups de mobilidade. Essas iniciativas mostram como a tecnologia pode transformar a relação entre cliente e seguradora, trazendo mais dinamismo ao setor. O avanço do 5G, da internet das coisas e dos carros conectados deve ampliar ainda mais esse movimento.
Outro fator relevante é a integração com meios de pagamento digitais. O PIX, por exemplo, já aparece como aliado em modelos flexíveis de cobrança mensal ou até diária, permitindo mais conveniência. Dessa forma, o Seguro Baseado em Uso no Brasil não se limita a ser um produto, mas parte de um ecossistema inovador que combina tecnologia, mobilidade e finanças digitais.
Benefícios e impacto no consumidor
O primeiro benefício é a personalização. Diferente do seguro tradicional, que tende a padronizar perfis, o UBI recompensa condutores cuidadosos e pune menos aqueles que rodam pouco. O resultado é mais justiça tarifária e maior sensação de controle sobre os custos. Outro ganho é a economia. Pesquisas internacionais apontam reduções de até 40% nos prêmios pagos por clientes que aderem a esse modelo. No Brasil, já existem experiências que relatam descontos superiores a 50% para motoristas que dirigem menos.
O segundo benefício está na segurança. Ao receber relatórios constantes sobre sua condução, o motorista é incentivado a dirigir de forma defensiva, o que impacta positivamente a redução de acidentes. Assim, o seguro cumpre não apenas uma função financeira, mas também social. Um terceiro aspecto é o impacto ambiental. Ao estimular que motoristas deixem o carro em casa em trajetos curtos, o modelo contribui para a redução das emissões de carbono e promove hábitos mais sustentáveis.
Outro ponto é a transparência. Ao saber exatamente o que influencia no cálculo do prêmio, o consumidor tem mais clareza e confiança na seguradora. Isso elimina a sensação de que está pagando por um risco que não representa. Finalmente, o UBI atua também na prevenção de fraudes. Com dados em tempo real sobre o veículo, a seguradora pode identificar inconsistências e proteger-se contra tentativas de fraude em sinistros.
Panorama internacional e perspectivas de mercado
No cenário global, o seguro baseado em uso já é uma realidade consolidada em mercados como Estados Unidos, Europa e Ásia. Empresas investem fortemente em telemática e inteligência artificial para oferecer produtos mais competitivos. Estima-se que o mercado global de UBI ultrapasse 350 bilhões de dólares até 2032, crescendo a taxas acima de 20% ao ano.
Na Europa, países como Itália e Reino Unido são pioneiros na adoção desse modelo. Em alguns lugares, mais de 25% das novas apólices de automóveis já seguem a lógica do uso. Nos Estados Unidos, grandes seguradoras oferecem descontos expressivos para clientes que aceitam instalar dispositivos de monitoramento em seus carros.
Esse movimento global serve de referência para o Brasil, que ainda está nos primeiros passos. Entretanto, o potencial é imenso, já que a frota nacional ultrapassa 60 milhões de veículos e há espaço para inovação em diferentes segmentos. Com a popularização dos carros conectados e a disseminação da internet móvel, espera-se que o modelo cresça de forma acelerada.
O avanço da inteligência artificial também permitirá uma análise mais sofisticada dos dados de direção. Em vez de apenas medir quilometragem ou frenagem brusca, os sistemas poderão cruzar informações de tráfego, clima e até estado de conservação das vias. Isso trará mais precisão e permitirá criar pacotes de seguro altamente personalizados.
Cenário brasileiro e desafios
Apesar do potencial, o Seguro Baseado em Uso no Brasil enfrenta alguns desafios. O primeiro é a questão da privacidade dos dados. Muitos consumidores ainda têm receio de compartilhar informações detalhadas sobre sua localização e comportamento ao volante. Para superar essa barreira, as seguradoras precisam investir em políticas claras de proteção de dados e comunicar com transparência como as informações são utilizadas.
Outro desafio é a infraestrutura tecnológica. Embora a maioria dos veículos novos já venha equipada com sistemas avançados, a frota brasileira ainda é composta majoritariamente por carros mais antigos. Isso exige soluções acessíveis, como aplicativos móveis ou dispositivos simples de telemática que possam ser instalados facilmente.
Há também a questão da regulamentação. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) precisa acompanhar essa evolução, criando normas que deem segurança jurídica ao setor sem inibir a inovação. Felizmente, a autarquia já vem dialogando com o mercado para adaptar regras e estimular a digitalização.
Por fim, é necessário educar o consumidor. Muitas pessoas ainda desconhecem o modelo e podem estranhar o monitoramento constante. Campanhas de informação, testes gratuitos e exemplos práticos de economia podem ajudar a aumentar a aceitação. Nesse contexto, o papel das corretoras de seguros é fundamental. Elas atuam como ponte entre seguradoras e clientes, explicando benefícios e orientando sobre a melhor escolha de cobertura.
Futuro e conclusão
O Seguro Baseado em Uso no Brasil representa mais do que uma inovação de produto. Ele simboliza a transição do setor para um modelo centrado no cliente, apoiado em dados e tecnologia. A promessa é de maior justiça, economia e segurança, com ganhos também para a sociedade e o meio ambiente.
Nos próximos anos, espera-se que o UBI se torne cada vez mais comum, especialmente com a disseminação dos veículos conectados e da mobilidade inteligente. O consumidor brasileiro, cada vez mais digital, tende a valorizar a transparência e a personalização que esse modelo oferece.
Para a Toscano Corretora de Seguros, abordar esse tema é reforçar o compromisso com a inovação e o futuro do setor. Ao apresentar ao público as vantagens e desafios do seguro por uso, a corretora se posiciona como parceira estratégica na jornada de transformação do mercado. Afinal, proteger vidas e patrimônios de forma justa, eficiente e sustentável é o que dá sentido à atividade seguradora.
Referências:
As tendências futuras do seguro baseado no uso e da telemática
Como dados e tecnologia estão transformando o mercado de seguro no Brasil